segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

SÃO JOÃO – FOGUEIRA E CAGALHÃO.

A minha  adolescência, foi muito boa em relação a quase tudo. Às vezes me pego recordando aqueles momentos e me dá muitas saudades.
Em 1965, houve um acontecimento, um causo engraçado. Todo ano em Junho, havia uma festa Junina aqui na rua onde moro até hoje, quem fazia, organizava, preparava tudo era uma vizinha bem próxima, a BIJUCA, já deve ter falecido, mais a sua figura não sai dos pensamentos, das recordações, que todo mês de Junho eu tenho, foram muito importantes àqueles fatos, engraçados e alegres.
Naquela época, toda a garotada, quase da mesma idade, participava ativamente da festa. Íamos apanhar a lenha para a fogueira, subíamos até o alto do morro para apanhar o bambu, que seriam usados na confecção da cadeia, da igreja, na ornamentação da rua em si.  Na festa, minha função era ser o padre, que fazia o casamento caipira. A data era esperada com ansiedade, ficávamos querendo que chegasse logo o grande dia, da festa da BIJUCA, vinham pessoas de todo o bairro, e dos bairros  mais próximos, nós ainda molecotes, não guardávamos os nomes de algumas pessoas, por isso só me lembro do apelido:-BIJUCA.
A festa era animada e nunca houve nenhum tipo de violência, brigas, era tudo muito calmo, muito tranquilo. Quando chegava a hora do casamento, eu deixava dentro da igreja um balde cheio de água e uma trincha, na hora de benzer os noivos eu molhava todo mundo, neguinho ficava meio puto, mas depois levava na esportiva. Tinha comidas típicas, bolo de fubá, quentão e o ponto alto da festa era a meia noite em ponto, pois todo ano desde a primeira festa, aparecia um homem que ficava descalço em frente ao braseiro, fazia uma espécie de oração e atravessava toda a extensão do braseiro, olha que a fogueira era grande, tinha quase três metros de comprimento, por quase dois de largura e o cara atravessava bem devagar, passo a passo, até o outro lado.
Na primeira vez que isso aconteceu, nós não conseguimos dormir, pensando naquela proeza.
Quando acabava o espetáculo, já no final da festa, ficávamos acordados, ao redor do braseiro conversando e colocávamos umas batatas doces para assar. Isso era todo ano. Uma vez eu fui pegar as batatas para colocar na fogueira e vi junto ao meio fio, um cagalhão enorme que um cachorro havia feito. Aquilo me deu uma ideia de JERICO e coloquei junto com as batatas o cagalhão e tomei cuidado de marcar onde ele estava. Depois de uma hora mais ou menos, um de nós, acho que foi o Nandinho falou:- Vou apanhar as batatas, pois já devem estar boas, bem cozidas. Bom eu sabia a localização e no lugar certo apanhei a minha, tava quente e ficamos soprando para depois morder. O Valquir deu a maior força para o Ronaldo comer logo, pois havia visto eu colocar o cagalhão e o Ronaldo por engano havia pegado o mesmo e falou:- Quem comer fria é mulher do padre, então o Ronaldo meteu o bocão e deu uma mordida, logo cuspiu e quase vomitou, era merda pura.
Foi a maior confusão, ele chamou a mãe, Dª Délia e ela pagou um esporro geral, falou muito, deu uma lição de moral e todo mundo ficou caladinho, mais ainda bem que não descobriram que fui eu quem colocou a bosta na fogueira. No ano seguinte, ninguém comeu mais batata doce, na festa da BIJUCA, embora a festa tenha ainda se repetido por muitos anos.
Até hoje quando encontro com o Ronaldo nós começamos a rir daquela sacanagem. Foi inesquecível.
Wilton-00:10H-04/01/2016.



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