domingo, 3 de junho de 2018

Desabafo de um Diabético.
     O Diabetes é e sempre será, a doença mais traiçoeira, filha da puta, revoltante, maldita e cruel que existe.
    Ela finda sorrateiramente com as esperanças do ser humano e deixa marcas que irão nos acompanhar até o cadáver ser sepultado.
   Quando é diagnosticada, neste exato momento, a vida começa a ser miserável, pois quase sempre a pessoa não tem noção do que ela é capaz, age no silêncio. E quando a descobrimos, esta doença maldita, já fez muito estrago.
  Eu particularmente, não sinto o peso da idade, mais infelizmente sinto a mão pesada e desgraçada desta doença.
 Sempre vivi aos trancos e barrancos, mais cheio de esperanças de uma vida melhor. Tinha problemas inerentes a vida de um modo geral, isso é normal, sentia prazer em tudo que fazia.
  Adoro dirigir, já não o faço, pois tenho retinopatia diabética, adoro dançar, já não o faço pois tenho neuropatia diabética, leio com dificuldades, adoro  participar de encontros com amigos, com pessoas queridas, mas a doença me deixa triste. Meu coração sempre repleto de amor, paixões suportava com forças as adversidades, tive alegrias e tristezas e o coração estava sempre ávido de felicidades.
 Um belo dia, ou melhor dizendo, um péssimo dia, após alguns exames, fui a uma consulta médica e o diagnostico foi dado: Diabetes Mellitus.
 Naquele instante, minha vida mudou, passei a ter como todo diabético uma vida miserável, de infelicidade, de desânimo e dor. O coração por sua vez, foi atacado por esta infeliz, filha da puta e fraquejou. A única solução foi a cirurgia, bem sucedida ( uma porrada de pontes, só faltou fazer um viaduto e um túnel ). Isto me deu um pouco mais de tempo aqui na terra.
 Foi a mão de Deus, mostrando que eu  ainda precisava fazer alguma coisa, deveria ficar um pouco mais.
 Quanto mais o tempo passa , mais a doença me corroí, me maltrata, me tira o prazer de viver e como não tenho outra opção, espero calado, remoendo as amarguras, pois não adianta reclamar, só espero a hora da minha libertação deste pesadelo, a hora para deixar de fazer parte deste mundo terreno me tornando em um cadáver.
 O espírito será livre das mazelas da carne e contemplado, como sempre , com amor , esperanças, humor, muitos risos, coisas que já estão intrínsecas, na minha alma e sempre me darão motivos para voltar e lutar por felicidade.
 Mesmo quase acabado nesta vida, mesmo tão dolorido com tudo que acontece, graças a Deus, ainda  encontro uma maneira de obter forças para sorrir, para fazer também quem está a meu lado sorrir, conseguir ajudar/escutar a todos que me procuram com algum problema.
 Forças que vem do amor que recebo das pessoas que me amam, seguem nesta vida a meu lado, forças  que vem dos meus animais, transmitindo muito carinho, sendo a companhia de todos eles que diminuem a minha solidão. Vivo só, mais não reclamo, vivo só, só com os meus sonhos, que ainda existem, só com as minhas amarguras, meus sofrimentos, com as incertezas do meu caminho, mas, sempre acompanhado da misericórdia, do amor de Deus, em quem me agarro, que acalma meu coração, me dando resignação para o meu destino.
 Tenho no peito muito amor e o sinto transbordar do meu ser, em direção as minhas filhas, a família, aos amigos sinceros, aos meus animais e a mulher amada.
 Deito-me em cima de papeis e escrevo o que sinto; Crônicas, textos, poesias, acrósticos, Deus me permitiu fazer isso, em certos momentos choro, em outros o riso se faz presente, me dando um pouco de alegria.
 Enquanto isso, a maldita, como na piada, Ah velha filha da puta, é velha sim, pois foi descrita pela primeira vez, em 1552 AC, e ironicamente foi chamada Diabetes Mellitus ( doce como mel ), então penso e concluo, esta puta mel fudeu, porra, seria cômico se não fosse trágico.
 Em 1800, foi inventado um aparelho para medir a taxa de glicose o Diabetometro.
 Atenção diabéticos contém açúcar, é verdade o diabético só pode comer capim, por enquanto, até descobrirem que capim é doce. Brincadeiras a parte, temos que agradecer muito, pelo menos em pensamentos a todos os médicos, cientistas que, principalmente na antiguidade, procuravam incansáveis a solução, a identificação desta doença que infelizmente até hoje não se encontrou a cura. Com dificuldades inerentes à época, alguns antes de cristo, lutaram muito, foram valorosos médicos/cientistas, seres  maravilhosos iluminados por Deus.
 Erbers( fez a primeira descrição), Susruta ( descobriu os dois tipos da doença- tipo 1 e tipo 2 ),  Apolônio, Arateu da capadócia, Matthew Dobson, Michel Eugene Chevreul, Paul Langerhans, Sharpey Shafez entre outros.
 Infelizmente esta doença ainda vai matar, mutilar milhares de pessoas por este mundo afora.
 Sinto-me como todo diabético deve se sentir, inútil, fragilizado, castrado para a vida, que poderia ser bem melhor sem a presença desta doença. Devido as provações, as limitações imposta aos diabéticos, por esta doença macabra, pergunto: Seria melhor a morte? Quem sabe? A morte não é problema, talvez solução, mas quem decide é Deus, ele sabe o que é melhor para nós, para o nosso aprendizado aqui neste mundo.
 Espero com paciência, esperança, que se encontre a cura, para que possamos viver com um pouco mais de dignidade e não assim sobressaltados, não sabendo o que vai acontecer  daqui a um minuto.
 Por outro lado, as esperanças se diluem, diante da ganância de alguns seres humanos, pois esta doença sustenta a industria farmacêutica, e a cura iria representar um enorme prejuízo.
 Mais tenho fé  ainda, que algum médico/cientista encontrará  um remédio para a cura desta escabrosa e salvarão milhões de pessoas pelo mundo.

Diabéticos, se for possível, sejam felizes.

Wilton.

05/09/14

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