CHICO’S BAR
Nós do
UNIBANCO, isso era diariamente, frequentávamos um bar localizado na Rua do
Livramento, bem em frente ao prédio da Radio Tupi. Este bar, na verdade um
boteco, servia refeições, salgados e outros petiscos. O dono era um bonachão,
gente cordial, pode-se dizer um bom amigo. Homem de idade aproximada a uns
sessenta anos, branco, alto, nem magro e nem gordo, cabelos pretos, um pouco
careca, barba sempre por fazer, sorriso na boca que faltava alguns dentes,
gostava de gatos (tinha uma porrada), o nome Francisco, mas todos o chamavam
Chico.
Vamos no
bar do Chico? Era assim, ponto obrigatório, era passagem para o túnel João
Ricardo, por onde íamos até a Central do Brasil. Ele nos dava crédito, e na
minha agenda eu colocava as anotações como despesas no CHICO’S BAR, em gozação
como se fosse o famoso bar da Lagoa.
A
cozinheira, Dª Maria, era uma paraibana muito invocada, e quando chegávamos ela
ficava aborrecida com o falatório, às sacanagens e começava a reclamar. Aí um
dia notamos a implicância e resolvemos sacanear a pobre mulher. O bar era
comprido, tinha um balcão que acompanhava o sentido do bar, uns bancos fixos e
ali eram servidas as refeições, tudo muito simples, rústico mesmo. A limpeza
deixava a desejar, às vezes estávamos comendo e os gatos do Chico vinham pelo
balcão e tínhamos que levantar nossos pratos, senão os bichanos pisavam dentro
deles. Existia na cozinha uma abertura, tipo uma janela, por onde os pratos
eram passados ao garçom (?) e dalí eram levados até o balcão. Desta abertura,
Dª Maria ficava tomando conta de tudo, prestava também atenção nos comentários
e conversas dos fregueses. Não havia muita opção de comida, então pedíamos
sempre bife com fritas, que vinha acompanhado de arroz, feijão e salada. Ela
fazia o pedido e ficava resmungando, então passei a fazer o seguinte: Colocava
o garfo em cima do bife, como se estivesse colocando uma talhadeira para abrir
um buraco e batia com a faca como se fosse um martelo, mas já havia cortado a
carne em pedaços, só que ela lá de dentro da cozinha não dava para ver. O garfo
entrava na carne e eu o levava a boca, fingindo fazer força para retirar a
carne. Quando eu puxava o garfo para baixo com as duas mãos, batia com força no
balcão e fazia um esporro bem forte. Todo mundo olhava e começavam a rir, rir e
fazer galhofa, diziam para o Chico:- Porra compra uma carne mais macia ou então
troca de cozinheira. A Dª Maria saía da cozinha, com uma faca na mão, botava as
mãos na cintura e xingava todo mundo que
ali estava. O Chico com muita paciência tentava explicar que tudo era sacanagem,
que era só brincadeira. Foi assim por muito tempo, mas ela nunca aceitou, não
queria nem conversa com o pessoal. Houve uma greve, e depois nós fomos mandados
embora, ela deve ter adorado quando o banco nos demitiu. Tenho saudades daquele
tempo, era só farra, só sacanagem, era muito bom.
Wilton-09/11/2015.
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