terça-feira, 10 de novembro de 2015

CHICO’S BAR

Nós do UNIBANCO, isso era diariamente, frequentávamos um bar localizado na Rua do Livramento, bem em frente ao prédio da Radio Tupi. Este bar, na verdade um boteco, servia refeições, salgados e outros petiscos. O dono era um bonachão, gente cordial, pode-se dizer um bom amigo. Homem de idade aproximada a uns sessenta anos, branco, alto, nem magro e nem gordo, cabelos pretos, um pouco careca, barba sempre por fazer, sorriso na boca que faltava alguns dentes, gostava de gatos (tinha uma porrada), o nome Francisco, mas todos o chamavam Chico.
Vamos no bar do Chico? Era assim, ponto obrigatório, era passagem para o túnel João Ricardo, por onde íamos até a Central do Brasil. Ele nos dava crédito, e na minha agenda eu colocava as anotações como despesas no CHICO’S BAR, em gozação como se fosse o famoso bar da Lagoa.
A cozinheira, Dª Maria, era uma paraibana muito invocada, e quando chegávamos ela ficava aborrecida com o falatório, às sacanagens e começava a reclamar. Aí um dia notamos a implicância e resolvemos sacanear a pobre mulher. O bar era comprido, tinha um balcão que acompanhava o sentido do bar, uns bancos fixos e ali eram servidas as refeições, tudo muito simples, rústico mesmo. A limpeza deixava a desejar, às vezes estávamos comendo e os gatos do Chico vinham pelo balcão e tínhamos que levantar nossos pratos, senão os bichanos pisavam dentro deles. Existia na cozinha uma abertura, tipo uma janela, por onde os pratos eram passados ao garçom (?) e dalí eram levados até o balcão. Desta abertura, Dª Maria ficava tomando conta de tudo, prestava também atenção nos comentários e conversas dos fregueses. Não havia muita opção de comida, então pedíamos sempre bife com fritas, que vinha acompanhado de arroz, feijão e salada. Ela fazia o pedido e ficava resmungando, então passei a fazer o seguinte: Colocava o garfo em cima do bife, como se estivesse colocando uma talhadeira para abrir um buraco e batia com a faca como se fosse um martelo, mas já havia cortado a carne em pedaços, só que ela lá de dentro da cozinha não dava para ver. O garfo entrava na carne e eu o levava a boca, fingindo fazer força para retirar a carne. Quando eu puxava o garfo para baixo com as duas mãos, batia com força no balcão e fazia um esporro bem forte. Todo mundo olhava e começavam a rir, rir e fazer galhofa, diziam para o Chico:- Porra compra uma carne mais macia ou então troca de cozinheira. A Dª Maria saía da cozinha, com uma faca na mão, botava as mãos na cintura  e xingava todo mundo que ali estava. O Chico com muita paciência tentava explicar que tudo era sacanagem, que era só brincadeira. Foi assim por muito tempo, mas ela nunca aceitou, não queria nem conversa com o pessoal. Houve uma greve, e depois nós fomos mandados embora, ela deve ter adorado quando o banco nos demitiu. Tenho saudades daquele tempo, era só farra, só sacanagem, era muito bom.

Wilton-09/11/2015.

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